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Nova tecnologia aplicada ao agro: Blockchain

Um dos grandes desafios do agronegócio brasileiro nos próximos anos será conciliar o progresso econômico com técnicas de produção mais sustentáveis. Diante do maior rigor nas exigências do mercado consumidor e de seus parceiros comerciais, será cada vez mais comum o uso de indicadores de sustentabilidade para garantir o respeito ao meio ambiente durante todas as etapas de produção. Setores estratégicos como o complexo da soja e o mercado da carne bovina deverão estar preparados para mudanças no processo produtivo.


Entre as estratégias das grandes empresas, destaca-se os protocolos de rastreabilidade a serem implantados na cadeia. Essa nova tecnologia, conhecida como Blockchain, permite a rastreabilidade de insumos, produtos e locais de produção ao longo de toda a operação, garantindo a segurança e qualidade nas informações.


A tecnologia Blockchain, em linhas gerais, trata-se de uma espécie de livro de registros digital, em que as informações, uma vez inseridas, não são mais passíveis de serem apagadas ou alteradas. Essa cadeia de blocos de dados interligados utiliza-se da tecnologia de criptografia para garantir a segurança e inviolabilidade das informações, além de registrar a identidade de quem criou ou alterou a informação. Aplicando-se essa tecnologia ao agronegócio, é possível vislumbrar uma infinidade de usos.


Com relação à cadeia de carnes, por exemplo, imagine a possibilidade de rastrear informações como local de nascimento, mapa genealógico, alimentação, vacinas, manejo utilizado, transferências entre imóveis, desde o nascimento até o abate do animal. E por que não até a gôndola do supermercado?


No complexo de soja e milho, poderá ser identificado e registrado informações como local e data de plantio, índices de pluviosidade, além de quais produtos fitossanitários foram aplicados e as respectivas dosagens.


Todos esses registros são extremamente importantes para garantir segurança e transparência durante todas as etapas da cadeia. O uso da tecnologia Blockchain poderá evitar a aquisição de animais criados em áreas embargadas ou irregularmente desmatadas, além da comercialização de grãos produzidos em áreas especialmente protegidas, como terras indígenas ou unidades conservação.


Recentemente, a empresa Marfrig recebeu recursos na ordem de US$ 30 milhões para implementar tecnologias que possam assegurar a aquisição e produção de gado sem desmate no Cerrado e na Amazônia. A meta da empresa é garantir que nenhuma cabeça de gado abatida em suas unidades esteja associada ao desmatamento até 2030. O foco da aplicação dos recursos é rastrear e apoiar os fornecedores indiretos de animais – aqueles que entregam o gado aos criadores para engorda final, antes do abate -, que representam atualmente o elo mais frágil da cadeia pela ausência de informações.


No Brasil, a empresa Ecotrace já dispõe da tecnologia aplicada às cadeias bovina, aves e algodão, garantindo a rastreabilidade dos produtos durante toda a cadeia. Ainda na área de produção de bovinos, a ferramenta de gestão iRancho já iniciou os investimentos para implementar a tecnologia Blockchain também na pecuária.


Seguramente, o uso de tecnologias como o Blockchain poderá trazer confiança, segurança e transparência no tratamento de informações na cadeia do agronegócio. A consequência direta será maior credibilidade na produção e comercialização dos produtos brasileiros no mercado externo, além de garantir uma distribuição segura de alimentos para todo o mundo.

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